O evento contou com palestras, danças, capoeira e serviços públicos
A quadra da Paróquia Senhor do Bonfim, na Praça Wendel Coelho, em Engenheiro Pedreira, se transformou em um grande palco para a celebração do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado no último dia, (20). O evento, realizado ao longo de todo o sábado, (23), teve início com a missa Inculturada Afro e contou com o apoio da Prefeitura de Japeri, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), que reuniu uma série de serviços públicos e manifestações culturais para celebrar o dia.
Com temas relacionados à educação, saúde e assistência social, diversas palestras foram realizadas e quem esteve no local contou ainda com atendimentos em saúde e orientações sobre programas e benefícios sociais destinados à população em vulnerabilidade. Uma roda de capoeira e a exposição de obras produzidas por alunos da rede pública municipal complementaram a programação, destacando o talento e a criatividade das crianças e jovens da região.
O padre Wilson Garvace Miall celebrou a missa e convidou os presentes a rezarem pela população vítima de preconceito e racismo, e destacou que a oração em prol do semelhante torna as pessoas melhores e mais fraternas. “Hoje a missa é uma reunião de povos. Temos grupos de outras cidades, comunidades que nos ajudaram a fazer desta missa um momento de união que devemos praticar todos os dias”, destacou o pároco.
Presente no evento o vice-prefeito, Carlos Januário, falou da importância da data e da abordagem por todas as instâncias, pública, privada, religiosa e social. “Eu fiquei muito feliz em ver junto a esse momento de união das religiões e da cultura, serviços públicos preparados para essa abordagem e trabalho com a população. Isso nos mostra o quanto temos que continuar a investir e apoiar nossos profissionais e que estamos no caminho certo do atendimento com igualdade para todos”, disse o gestor.
Segundo o secretário de Cultura, Jorge Braga Jr., é fundamental para a Prefeitura, através dos seus órgãos e, sobretudo, a Cultura apoiar eventos organizados pela sociedade civil em prol da consciência negra. “Já tem sido recorrente esse apoio ao longo dos últimos anos, e é nosso objetivo fazer com que a luta contra o racismo e a valorização das contribuições da população negra para a Cultura de Japeri e do Brasil sejam todos os dias”, relatou.
Para Cristiane do Espírito Santo Viana, participante da Pastoral Afro Negra Mariama, da cidade de Nilópolis, estar pela primeira vez em Japeri e num evento que une cultura e religião foi maravilhoso, e deixou o coração cheio de graça. “São eventos como esse que precisamos para acabar com o racismo e a desigualdade, assim como o padre falou. Que venham outros, pra gente ter uma verdadeira inclusão, igualdade e direitos para todos! Brancos, negros, indígenas, todos!”, disse a visitante.
Já Verônica Cristina, moradora do Jardim Delamare, disse que se sentiu feliz e agradecida por participar de momentos que demonstram a luta diária do seu povo. “Saio daqui mais forte e representada. Eu sou porque nós somos!”, declarou emocionada.
A secretária Municipal de Educação, Caroline Ontiveros, participou do evento e destacou a importância do reconhecimento da contribuição histórica e cultural do povo negro e de como é preciso fortalecer a luta por justiça social e a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa.
“Hoje foi uma aula maravilhosa de inclusão, de demonstração de potenciais que a nossa cidade possui, e uma fala me marcou muito, a de que ‘estamos aqui pra servir e honrar aqueles que nos antecederam’, eu só complemento dizendo que além disso, temos a obrigação de preparar as novas gerações para o futuro. E estamos conduzindo principalmente através da cultura e da educação, com alunos que ganham medalhas em olimpíadas de matemática, que são premiados por projetos de ciência, que fazem exposições de arte na biblioteca da cidade e muitos outros destaques até como esse show de criatividade que deram nos trabalhos sobre a consciência negra. Seguimos no respeito e reconhecimento à ancestralidade e na preparação do futuro ”, relatou.
Serviços públicos e participações
A celebração da Consciência foi repleta de fé, cultura e união. Parceira do evento, a Prefeitura, por meio das secretarias de Cultura, Saúde, Educação e Assistência Social levou diversos serviços e fortaleceu o compromisso público com a igualdade de direitos e combate ao racismo.
Com apresentação dos programas e benefícios disponíveis na cidade e palestras que falaram da saúde da população negra e deram esclarecimentos sobre as leis 10.839/2003 e 11.645/2008 que determinam o Ensino da História e Cultura Afro Brasileira e Indígena, nas unidades escolares, o evento contou com um público rotativo de cerca de 150 pessoas.
As palestrantes, moradoras da cidade de Japeri e servidoras públicas destacaram a importância da ancestralidade, do respeito à cultura e a valorização da origem. O serviço de saúde além da palestra de Ruth Valentim, que atua na coordenação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, Criança e Adolescente (PAISMCA), disponibilizou atendimento médico, vacinação, teste rápido de HIV, Sífilis e Hepatites B e C.
O serviço de assistência social, com uma equipe de 10 pessoas, atuou com atividades do Programa Criança Feliz, que trabalha com atenção social na primeira infância; e esclarecimentos e registros sobre o Cadastro Único, programa que permite ao governo saber quem são e como vivem as famílias de baixa renda no Brasil.
A Secretaria Municipal de Educação deu sua contribuição com uma demonstração do acervo da mostra de trabalhos dos alunos das escolas municipais e com a palestra da professora Gabriela Silveira, que atua na unidade de ensino Duque de Caxias, em Engenheiro Pedreira, e trabalha trazendo histórias que a história não mostrou.
“A sociedade precisa entender a sua importância e seu valor. O valor dessas leis que nos determina falar da ancestralidade para os estudantes, é para além das escolas, porque o brasileiro, o cidadão Japeriense e da Baixada Fluminense vai compreender a sua ancestralidade enquanto afrobrasileiro, indígena e outros. Existe um provérbio africano que diz que um rio quando esquece a sua nascente, ele seca. Então é muito importante a gente saber a nossa história pra gente entender a nossa potência. E isso vai refletir na nossa vida, no nosso Índice de Desenvolvimento da Educação Básica e tantas outras estatísticas. É preciso que esse cidadão se veja valoroso e que ele possa não só estar no esporte, como nas áreas intelectuais e onde mais ele queira estar”.
O evento contou ainda com dinâmica de miscigenação brasileira realizada pela engenheira agrônoma, Ana Paula Farias, que movimentou os presentes, coloriu o espaço e deixou reflexões. O grupo de Capoeira Arte e Inovação do mestre Fumaça e contramestre Cobrinha, de Japeri, também se apresentaram levando dança, música e ancestralidade para o evento que terminou às 16h.
Fotos: Lucas Alexandre
