A ‘Masculinidade nos dias atuais’ foi o tema do 1º Encontro do Projeto Nunca Mais

O evento aconteceu em parceria com a Prefeitura de Japeri e contou com a presença de servidores e membros da sociedade civil, locais e de outros municípios da Baixada

Um encontro para refletir sobre a masculinidade nos dias atuais e debater as criações, os comportamentos e as vivências diante do desafio de combater os índices de violência contra as mulheres. Assim foi o 1º Encontro de Homens realizado pelo Projeto Nunca Mais, em parceria com a Prefeitura de Japeri, que aconteceu na terça-feira, (15), no auditório do Centro de Especialidades Médicas, em Engenheiro Pedreira.

O evento contou com a presença de servidores de diversos setores da gestão municipal, principalmente da segurança pública, das polícias civil e militar (PMERJ e PCERJ), representantes de entidades locais e membros da sociedade civil da cidade e de outros municípios da Baixada Fluminense.

Rosana Louzada, criou o Projeto Nunca Mais

Para a professora, Rosana Louzada, que idealizou o Projeto Nunca Mais depois de ter vencido os ciclos de violência praticados por dois ex-companheiros, sua missão se tornou a de dar apoio e acolhimento às mulheres vítimas de violência.  Ela entendeu que é preciso que o debate alcance os homens e que haja uma reflexão de toda a sociedade.

“Precisamos trazer as reflexões para todos os espaços, unir esforços e forças para acabar com as violências. Nunca foi permitido agredir, mas, sempre foi tolerável pela sociedade ver e saber que haviam mulheres nesta situação. Hoje, temos que ter uma só voz: violência, Nunca Mais!”, disse a ativista.

Dois palestrantes acaloraram o debate com visões pelo viés da segurança pública, representada pelo subtenente, Chavez, da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e pela vertente da psicanálise com, Luzimani Abdias, que falou do comportamento masculino exacerbado, proveniente de uma influência do modelo familiar patriarcal e, chamou os homens presentes para uma reflexão sobre suas próprias masculinidades.

O psicanalista, Luzimani Abdias, propôs uma reflexão sobre a masculinidade

 “Precisamos refletir sobre como somos para criarmos as próximas gerações masculinas com mais sensibilidade. Para efetuar a mudança que queremos, temos que começar esse processo no nosso interior”, disse ele que recitou ainda um poema do cantor e compositor Frejat, ‘Homem não chora’.

O Programa Viva Japeri, que atua na vigilância de violências e acidentes com base na ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), parceiro da iniciativa, trouxe ainda, a forma como as violências são disfarçadas de cuidado, os efeitos durante as etapas da vida e os cerceamentos e cárceres disfarçados de cuidado. De acordo com a psicóloga, Ana Paula Almeida, o sentido de violência é muito amplo. E, há uma linha tênue entre o machismo e o conceito de proteção”, relata.

Entre os presentes e mais participativos, o servidor, José Carlos Cruz, do Programa Saúde do Trabalhador, chamou a atenção para o pensamento masculino de que muitos homens pensam que ser sensível vai torná-los menos másculos. “Já vem assim de gerações, mas estamos no caminho da mudança, esse dia aqui é um passo importante”, disse ele, seguido pela observação da psicóloga, Ana Paula, “Temos que mudar a criação dos nossos filhos para a evolução da sociedade”, completou.

A advogada do Centro de Referência da Mulher, Vanusa da Silva, destacou a importância da Lei Maria da Penha como principal instrumento de proteção à mulher vítima de violência e que todos precisam legitimá-la. “Diariamente acolhemos mulheres vítimas e apresentamos a elas a lei, o que ela representa e a sua importância para o ‘Nunca mais’ do ciclo de agressões. Estimulamos o pedido de medida protetiva, a inclusão em atendimentos psicológicos, assistenciais e em programas de formação profissional, mas incluir os homens no sistema protetivo é um passo importante e necessário”, disse.

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